Por Andreza Dias
“Enquanto a terra não for livre, eu também não sou”, essa mensagem da música “Principia” do rapper Emicida conversa com a proposta do Festival Ambienta, que acaba de acontecer em Belém (PA). Além de trazer nomes da música nacional, o festival também propôs discussões como fóruns e oficinas sobre o papel da cultura no enfrentamento da crise climática.
O festival aconteceu durante três dias, sendo nos dois primeiros, dedicados a atividades gratuitas, que envolveram oficinas para elaboração de instrumentos com material reciclável, fóruns e shows da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (SP), Carimbó Som de Pau Oco (PA) e Veropa Sessions (PA).
O Ambienta encerrou na noite do dia 28 de Junho, no Espaço Náutico Marine Club, onde recebeu 9 shows. Nós estivemos presentes no encerramento e queremos te contar qual foi a nossa experiência por lá. Vem com a gente?
UM FESTIVAL DEDICADO A MÚSICA E AO MEIO AMBIENTE
Como acontece tipicamente no verão amazônico, a chuva teve participação especial durante a sexta-feira, quando o festival aconteceu no Espaço Náutico Marine Club. Logo que começou a chover, todo mundo correu para a parte coberta para se esconder, porém não demorou muito para o céu limpar novamente.
O Ambienta foi regado de aconchego e boa música, o público chegou em peso mais próximo ao horário do show do headliner Emicida e puderam ser vistas pessoas de todas as idades empolgadas com as três horas de show do artista, que fez parte da turnê de encerramento do disco “Amarelo”.
Outro grupo que ganhou a galera foi a big band Nomade Orquestra, que puxou “Pagode Russo”, de Luiz Gonzaga, e outras músicas autorais dançantes e animadas, que pelo ritmo conquistaram o público. Também subiram ao palco Júlia Passos (PA), KL JAY (SP), Júlia Passos (PA), Nic Dias (PA), Baile do Mestre Cupijó (PA) e Kim Freitas (PA).
No meio do evento, era possível encontrar barraquinhas do Greenpeace que disponibilizavam panfletos e uma praça de alimentação exclusivamente de comida vegana, além de dois grandes palcos à espera do público que pode assistir bem de perto, além de circular entre as atrações podendo acompanhar tudo, já que os shows não aconteciam simultaneamente.
UM FESTIVAL NO NORTE DO PAÍS
O Ambienta é exemplo da difusão da cultura nortista, explorando em seu line up da música brasileira ao rap, do jazz ao carimbó, todos entrelaçados pela multidiversidade.
A cantora Júlia Passos dividiu palco com Baile do Mestre Cupijó. A artista da música paraense regional tem influências de nomes como: Lucinha Bastos, Lia Sophia e Fafá de Belém. Ela é figurinha carimbada em festivais locais como: Festival Jambu Live 2021, Festival Psica, Se Rasgum, entre outros. Júlia nos contou um pouco da sua experiência:
“Ser artista no norte do país, no Pará, fazer música, fazer arte, comunicar, é muito potente e por vezes é desafiador (…) Belém hoje vive um fervor de festivais que é muito, muito, muito legal, muito lindo e é quase que aquela coisa, se não chamam a gente então a gente vai fazer o nosso porque a gente é bom pra caramba, aqui tem cultura pulsante, aqui tem consciência social”, declarou.
A rapper paraense Nic Dias, conhecida na cena local paraense pelo EP “1999” e por singles como “Baby Prince$$”, foi mencionada em uma das mixagens do integrante do Racionais MC’s KL JAY, que tocou “Relikia de Icoaracity” durante o show.
Nic também dividiu o palco com Emicida, nadando assim contra as marés do eixo sul-sudeste e fazendo história ao ser reconhecida por figuras relevantes do rap nacional em sua cidade natal e sendo ovacionada pelo público assim que pisou no palco.
“Cada passo que a gente dá, eu falo de maneira coletiva, é sempre um passo novo, não importa o tamanho que ele seja, seja pequeno, seja grande, porque é uma questão de perspectiva. Como artista a gente cria, como produtor cultural a gente cria, a gente cria nossas oportunidades, a gente cria nossos caminhos, a gente cria as possibilidades para que a gente possa realizar os nossos sonhos. Então, estar aqui nesse festival que é do norte pro norte é pra mim é mais uma etapa”, contou a rapper em entrevista ao Mapa dos Festivais.
ALTA DE FESTIVAIS EM BELÉM
E não para por aí! Ainda tem muitos festivais para acontecer em Belém em 2024. Somente neste ano, a cidade ainda vai receber a primeira edição do Festival Aceita (de 23 a 25 de agosto), além do Afropunk Experience (21 de Setembro), do consagrado Festival Se Rasgum (10 a 14 de Setembro) e do Festival Psica (13, 14 e 15 de Dezembro). Para ficar por dentro desses e de outros festivais pelo Brasil, fique ligado aqui no Mapa dos Festivais!